quarta-feira, 30 de março de 2011

(...) O céu está cada vez mais claro. Alguns pássaros começam a cantar. Tenho vontade de cantar também. Um canto feito de palavras, não como o antigo.
Daqui a pouco vai amanhecer. Há um vago cheiro de mar solto nas ruas.
Hesito um pouco na esquina. Antes de me pôr a caminho, abro devagar e completamente os braços para depois fechá-los arredondados, tocando suavemente as pontas dos dedos de uma das mãos nas pontas dos dedos da outra. Como se faz para abraçar uma pessoa. Mas não há nada entre meus braços além do ar da manhã. Suspiro, sorrio, desfaço o abraço.
Então, com as mãos vazias, finalmente começo a navegar!

Caio Fernando Abreu.

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