segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Essa vida tá uma belezura viu? Essa vida pode ser boa que é uma coisa. Tive um tempo que chorava muito, não me conformava e até reclamava com Deus. Culpa desse coração burrinho e da porra do romance que não me deixa em paz. Hoje em dia, está ótimo. Não choro, não reclamo e nem apaixono. Agora tô, ó, tá vendo? De pedra. Uma preda no lugar do coração. Uma rocha, estou quase um macho bruto.
Tati Bernardi
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer não.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer não.
Martha Medeiros
 
 
Eu, ao menos, não homenageio os autores que não me interessam. O contrário do amor não é o ódio, e sim a indiferença. Quem "odeia" está mais envolvido do que supõe...

Martha Medeiros
Só quem arrepia cada centímetro do seu corpo e faz você sentir o sangue bombear num ritmo charmoso, é capaz de estragar o mundo quando parte.
 
-Tati B.

(EXATAMENTE)
Chega uma hora que tudo cansa, tudo faz você lembrar aquilo que tentou esquecer por meses, mas inevitavelmente, ainda pertencia a sua vida. Lá vai você, mudar o rumo do seu destino, recriar as órbitas e procurar algo inusitado - novo. (...)
Infelizmente, chega a hora mais difícil, aquela quando você se cansa de suas próprias angústias, de seus antigos vazios. Cansou de sofrer por pessoas que nunca te deram valor, cansou de perder amores por não saber como expressá-los, cansou de viver as sombras de mentiras alheias. Cansou. Por mais difícil que pareça, quando sua vida começa lhe dar sono emocional, e nada mais lhe agrada, é hora de recomeçar. Recomeçar por completo, deixando todas suas lembranças para trás, seus antigos ideais, e até mesmo - pessoas. Aquelas que você jurou nunca desamparar.
E ali está você caro amigo, está vendo? Sozinho, com algumas fotos na mão, e um pequeno caderno de couro debaixo do braço. Mas espere, ali na próxima esquina sua vida vai recomeçar. Todo aquele seu brilho costumeiro, vai voltar. Olha só, acima do céu, existe alguém que você desconhece. E aqui do seu lado, existe a sua costumeira timidez. Porém ela, te garanto, é legal.
A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido. Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.

Martha Medeiros
Tudo o que é improdutivo se torna esgotante, e minha fonte de energia secou, eu não tinha mais por onde trilhar um caminho ao seu lado, havia obstáculos demais para alguém que, como eu, sempre preferiu tomar impulso e ir em frente mantendo o ritmo. Nunca gostei de pausas, nunca gostei de intervalos no meio das peças de teatro, nunca gostei nem mesmo de parar na estrada para ir ao banheiro e tomar uma água, queria sempre seguir em frente, a constância para mim era sinônimo de paz, uma paz sem perder o pique, sem perder a velocidade, uma paz dinâmica, diferente da paz dos cemitérios, da paz da solidão. Mas estando com você eu teria que me acostumar a um amor interrompido cada 10km rodados. Isso não era pra mim. Não sou mulher de ter que recuar toda hora pro acostamento e manter uma viagem atravancada para lugar nenhum, tudo pela vaidade de, em troca dizer ao mundo: “Vejam só, eu tenho alguém!” o que eu tinha era um fiasco: eu te amava e me sentia completamente desacompanhada. “Vejam como estou só” seria uma afirmação mais realista.
 
Martha Medeiros 

(arrepiou!)



"(...) Felicidade, se eu não estiver muito enganada, é ter noção da precariedade da vida, é estar consciente de que nada é fácil, é tirar algum proveito do sofrimento, é não se exigir de forma desumana e, apesar disso tudo, conseguir ter um prazer quase indecente em estar vivo."
Martha Medeiros 
 
 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

"Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço."

Caio Fernando abreu 

"Agora que tudo perdeu a magia, se magia houve, e havia, e não consigo mais ver nenhum anjo em você."


Caio Fernando abreu 



terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

(...)  não me restou outra alternativa senão dar de cara com a tal dor antiquíssima. Numa outra circunstância, a mesma frequência, a mesma substância.
Estava quieta há tantas viradas de calendário, tecendo dramas em silêncio, procriando sem fazer ruído, que eu jurava já fazer parte do meu museu de superações. Que nada. Lá estava ela, olhos agudos esparramados nos meus sem constrangimento, fresca como se tivesse acabado de ser colhida do pé. Vívida como a estrela mais nítida no escuro mais silente da noite. Lá estava ela, engasgada na sombra à espera de olhar. À espera de abraço. À espera da chance de falar. À espera de luz.
num primeiro momento eu olhei para ela com um enfado absurdo, uma irritação rara, paciência zero.
“Você, ainda?”
“Ainda.”
“Não cansa, não?”
“Não posso, até que você se canse e, de uma vez por todas, escolha me olhar com o amor capaz de me ouvir e de me curar.”
Num segundo momento, cansadíssima, eu a acolhi e deixei ela falar suas queixas todas até realmente começar a escutá-la. Eu a abracei com a empatia, o respeito, o afeto, com os quais a gente abraça um amado profundamente ferido. Eu nem sabia ainda como poderíamos, juntas, mudar o rumo da história, e se saberíamos, mas, ali, eu escolhi me empenhar. Escolhi assumir a minha responsabilidade terna por nós duas. Escolhi aproveitar a oportunidade oferecida pela mais nova armadilha engenhosa da mente, outra circunstância, a mesma frequência, a mesma substância.
Ali, eu escolhi, pela primeira vez, talvez de uma vez por todas, olhá-la com amor até a gente conseguir se curar e ser capaz de semear circunstâncias mais felizes, outra frequência, outra substância. Outra, bem-vinda, colheita. Depois daquele inverno tão sisudo, quem sabe, a vez do cheiro de flor quando ri da primavera.
 
Ana Jácomo.
(...) sua eterna tristeza cheia de piadas afiadas. Suas facas afiadas de graças para defender as tristezas que nadam baixas nos seus olhos de quem não quer fazer mal. Mas faz.
Trago uma saudade dos mil anos que passamos, ou das três semanas. A loucura de gostar tanto pra tão pouco ou simplesmente a loucura de tanto acabar assim. Fora tudo o que guardei de você, me restou a consideração que você guardou por mim. Sua ligação depois, quando me encontra. Sua mão estendida. Sua lamentação pela vida como ela é. Sua gentileza disfarçada de vergonha por não gostar mais de mim. A maneira que você tem de pedir perdão por ser mais um cara que parte assim que rouba um coração. Você é o mocinho que se desculpa pelo próprio bandido. Finjo que aceito suas considerações...

Tati Bernadi.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Olhos Nos Olhos
(Chico Buarque)

Quando você me deixou, meu bem,
Me disse pra ser feliz e passar bem.
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
Mas depois, como era de costume, obedeci.

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando,
Me pego cantando, sem mais, nem por quê.
Tantas águas rolaram,
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você.

Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você diz.
Quero ver como suporta me ver tão feliz. 

http://www.youtube.com/watch?v=Dfbhmv9q6uc&feature=related

É como se a verdade fosse uma tromba dágua e saísse devastando quaisquer ilusões que nutri durante todo esse tempo. Mas não percebi isto repentinamente, foi gradualmente, até o dia em que comecei a investigar porque não queria te ligar, ou ver, ou estar junto de qualquer forma e quando você me ligava eu não tinha mais assunto. Ainda existia amor, mas meu corpo estava congelado, completamente destituído de afeto. E quando eu via seu nome no meu celular, pensava: “as mesmas conversas”. E quando você me chamou pro seu apartamento, pensei: “quero um lugar com mais aconchego, prefiro minha casa.” E foi triste demais não querer ver você porque fui pega de surpresa nesse desinteresse súbito pela nossa vida. E fiquei três dias vivendo um luto imaginário como se tivéssemos terminado há três horas. Mas não era o caso. Eu não estava me despedindo de um amor, mas de uma dependência. Eu não estava rejeitando você, mas a forma como estávamos conduzindo nossa história. E adoeci, e me fragilizei ao ponto de não consegui comer ou dormir, ou dormir a tarde toda e passar a noite tão descompensada com febres e descortinando pesadelos. E acordava triste pela minha falta de saudade. Indiferente às suas mensagens. E o seu rosto tão disforme nas minhas lembranças. E você quase sem querer perceber nada.
O que acho que aconteceu é que num processo lento, eis minha epifania: quem era eu na sua vida, na minha vida, na nossa história? O que tinha restado de mim depois de viver tão imersa e imensamente o nosso encontro? E onde eu caberia nos seus planos do “eu vou fazer, eu vou realizar, eu vou conseguir, eu vou viajar”?E o que EU imaginava pro meu futuro que não conjugava para “nós em laços”? Simplesmente eu passei a morar no teu abraço e, depois de algum tempo, seus braços me acorrentaram e eu sufoquei minha respiração no travesseiro, noite após noite para que dormíssemos juntos na posição mais confortável pra você. Nunca pensei que alguém pudesse perder a própria identidade em tantas sutilezas.


[Marla de Queiroz]

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Quem quer sair de uma história, cala-se e vai embora.
Porque as grandes dores são mudas.
E decisões definitivas não se demoram em explicações.


[Marla de Queiroz] 

- Sempre, desnuda a minha alma! -

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Depois de anos acariciando as dores que me deixaram partida, finalmente as deixei partir.
E fiquei inteira.

Fernanda Gaona
 
 
A noite também é bela do jeito dela. As pétalas caídas viram húmus para fertilizar o solo que dirá a vez de outras flores sorrirem. A areia molhada conta a canção da onda e da sua acolhida terna para a nossa vida descalça. Lutar contra a impermanência da cara das coisas é feito tentar prender o azul macio das tardes, segurar o viço risonho das flores, amordaçar as ondas. É inútil.

Ana Jácomo.
"Eu não escrevo há mais de um mês e esse não é um bloqueio comum de criatividade. Tem dores que não devem ser verbalizadas. Tem dias que não devem ser escritos"
(Verônica Heiss - Se bastasse sentir)
Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. 

Tati Bernardi