sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Foi tirando o vestido sem delicadeza. Despedir-se deveria ser daquele jeito: arrancando de si até o último grão de coragem, sem dramas. (...)
Inaugurou um novo capítulo: uma garoazinha de tristeza, uma saudade entreaberta, e o vento aborrecido. Sudoeste querendo abraçar tudo. E ela vagueando por aí sem nenhuma palavra que arranhasse o silêncio. O tempo contido nas coisas, os dias aprisionados na ansiedade já não deslizavam pelo calendário. Esperança já nem suspirava. Não havia espera de nada, apenas a companhia corriqueira: ela e a solidão_ mão com mão, rostos sem face. Já não desejava amores nem intrigas de paixão alguma: sossegou-se na solitude aceitando aos poucos o tempo alargado para se preencher com improvisos, sem horários rígidos, sem avisos. Preencheu de paz o espaço novo do coração esvaziado. (...)

Marla de Queiroz

- Ai Marla! seus textos me arrancam suspiros, -

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